Rodada virtual promovida pela CCBC aproxima empresas dos dois países que atuam no mercado de alimentos e bebidas, e abre oportunidades de parcerias internacionais
Por Sérgio Siscaro
A Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC) voltou a aproximar empresas brasileiras e canadenses que atuam no segmento de alimentos e bebidas. Após a bem-sucedida iniciativa realizada no final do ano passado, a CCBC promoveu em junho uma nova edição de sua Rodada de Negócios Virtual: Alimentos e Bebidas, por meio da qual fabricantes e marcas canadenses tiveram acesso a empresas brasileiras interessadas em distribuir seus produtos no mercado local.
O evento envolveu 127 reuniões entre as empresas, realizadas durante um período de seis horas. Grandes companhias importadoras brasileiras, interessadas no potencial de vendas de produtos canadenses por aqui, estiveram presentes – como Grupo Pão de Açúcar, Carrefour, Grupo Muffato, Supermercado Bahamas e Rede São Paulo, entre outras. Do lado canadense, marcaram presença empresas como Aliments Krispy, Citadelle, Galloping Cows e Moosehead Breweries. A partir dos encontros realizados na Rodada de Negócios, as empresas terão a oportunidade de aprofundar os contatos, e eventualmente fechar parcerias.
Percepção positiva
“A equipe da CCBC foi muito eficiente em encontrar potenciais compradores, bastante profissional em suas interações conosco e no pós-evento”, afirmou o diretor de desenvolvimento de negócios da Citadelle (da província de Québec), Alex Laroche. Essa percepção foi compartilhada pelo diretor de vendas e marketing da Confluence Distilling (de Alberta), Jamie Hilland.
O fundador e CEO da Canoe Global Trading, Bill Coleman Jr., também considerou a iniciativa da CCBC bastante positiva, e aproveitou a oportunidade para se reunir com dez empresas. “Os encontros foram os melhores que tivemos neste ano. A qualidade das reuniões com empresas com grandes distribuidores e supermercados foi bastante alta. Foi fantástico”, avaliou.
Ele acrescentou que o foco principal dos contatos foi buscar distribuidores brasileiros para produtos como icewine, uísque e frutos do mar; para tanto, Coleman necessitava saber um pouco mais sobre o potencial do mercado brasileiro. “Temos feito negócios com a Ásia por 35 anos, mas esta foi a primeira vez que sondamos o mercado brasileiro. Já sabíamos que teríamos de trabalhar junto a grandes distribuidores no Brasil para promover os produtos canadenses no país, que ainda são pouco conhecidos no mercado. Após a rodada, estou muito otimista de que iremos efetuar negócios com pelo menos uma ou duas companhias brasileiras”, afirmou.
Novos fornecedores
Do lado brasileiro, a experiência também foi positiva: “Eu tive apenas uma reunião, mas a experiência foi bastante interessante. Caso haja outra rodada com novos produtores, gostaria de participar”, avaliou a gerente de produtos da World Wine, Gabriela Shibata. A supervisora de compras da OXQuim, Larissa Torresia, considerou que as reuniões realizadas durante a rodada “foram produtivas e importantes para conhecermos novos fornecedores”.
Na avaliação da gerente comercial e de importação do Grupo Muffato, Renata Cortese, a Rodada de Negócios representou uma ótima oportunidade de conhecer melhor os produtores canadenses. “Algumas coisas me surpreenderam. Já há algum tempo, estávamos em busca de um fornecedor de cerveja low carb – e o Canadá é um lugar no qual eu nunca iria procurar. Mas eu me reuni com uma empresa que lida com esse produto, e estamos em conversações”, disse.
Ela ressaltou que a oportunidade de se reunir com empresas canadenses foi positiva pelo fato de apresentar as possibilidades do país a ela. “Essas rodadas nos permitem conhecer melhor o que o país produz. Para mim foi bastante válido participar”, disse, acrescentando que a partir de agora começa o processo normal de negociação, com cálculo de fretes, impostos e outros fatores envolvidos na operação.
Intercâmbio se intensifica
Assim como no ano passado, o timing da Rodada de Negócios realizada em junho foi certeiro; afinal, Brasil e Canadá continuam não apenas sendo importantes parceiros, mas aumentando seu intercâmbio comercial. Ao longo do primeiro semestre de 2021, a soma das exportações e importações entre os dois países totalizou US$ (FOB) 3,07 bilhões – 7,2% a mais do que o registrado em igual período de 2020.
As vendas do Brasil ao Canadá registraram um salto de 16,4%, passando de US$ (FOB) 1,85 bilhão no primeiro semestre do ano para US$ (FOB) 2,16 bilhões entre janeiro e junho de 2021. Já as importações brasileiras de produtos canadenses tiveram uma ligeira retração de 9,78%, em razão do quadro ainda incerto da economia no início do ano. O total passou de US$ (FOB) 1,005 bilhão, no primeiro semestre de 2020, para US$ (FOB) 907 milhões no período correspondente deste ano. No entanto, os sinais de recuperação econômica, e a realização de iniciativas que aproximem empresas dos dois países, oferecem um cenário otimista para o restante do ano também para as exportações canadenses ao Brasil.