Investimentos no radar

Projetos no Brasil em áreas como saneamento, energias limpas e mineração podem reservar boas oportunidades a empresas canadenses

Por Estela Cangerana

O Brasil quer mostrar ao mundo que é uma das melhores opções globais para abrigar os investimentos internacionais nos próximos anos, com regras claras, segurança e ótimas taxas de retorno. Mais até: o País quer comprovar também que pode oferecer tudo isso de forma sustentável, em uma economia social e ambientalmente responsável. Para tanto, tem se comprometido em seguir em frente com uma agenda ambiciosa de reformas estruturantes, modernização de marcos legais e concessão de um farto leque de obras à iniciativa privada. Entre os possíveis investidores, estão no radar empresas e fundos canadenses.

O compromisso tem sido repetido por membros do primeiro escalão do governo diretamente envolvidos nesse projeto, como os ministros Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, e Bento Albuquerque, de Minas e Energia. Ambos falaram recentemente a esses investidores, durante o Brazilian Week CCBC Online Festival, revelando não apenas as oportunidades de negócio mas também o interesse em se aproximar cada vez mais do Canadá. A visão do governo brasileiro é de que o país da América do Norte pode ser um parceiro importante nesse processo.

“Temos promovido o fomento de uma economia de mercado, com previsibilidade, segurança jurídica, respeito a contratos e diferenciais para que a liquidez que existe no mundo, e no Canadá, possa ser investida nas oportunidades que estão sendo geradas no Brasil”, afirmou o Marinho.

“Mudamos os fundos de desenvolvimento para que possam estruturar projetos para que nossa carteira traga oportunidades para a iniciativa privada. Os projetos seguem os padrões da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e do Banco Mundial, com todas as práticas de sustentabilidade e segurança. Estamos preocupados com uma economia verde, de desenvolvimento com governança e respeito ao meio ambiente”, completou o ministro.

Estratégia

Segundo ele, a reestruturação dos fundos é uma sinalização do governo de que está fortemente comprometido em continuar promovendo as reformas que o Brasil precisa, que começaram com responsabilidade fiscal, legislação trabalhista e previdenciária, e continuam nas áreas tributária e administrativa. Além delas, atualizações em marcos setoriais, como, por exemplo, os da navegação de cabotagem, que deve incentivar a atividade, e a Nova Lei do Gás, que aumentará a participação de empresas privadas no mercado de gás natural. A oferta interna de gás natural no Brasil deve mais do que dobrar em 10 anos.

O setor energético é estratégico no plano de crescimento do País e deve receber grande atenção. “Energia é a base para o desenvolvimento. Estamos promovendo a modernização do setor energético com um abrangente esforço regulatório, com diversificação de fontes e mirando a expansão da oferta e da demanda”, declarou o ministro Albuquerque.

De acordo com ele, as estimativas são de elevação de 1,6% ao ano no número de consumidores residenciais de energia no Brasil até 2030, de alta de 2,5% ao ano na demanda energética até 2024 e de 3,3% ao ano entre 2025 e 2030. Em um prazo mais longo, as previsões são ainda de continuidade do crescimento. O plano de desenvolvimento energético para daqui a 30 anos estima expansão de 3,5 vezes no consumo de eletricidade, de 73 mil MW médios em 2020, para 241 mil MW médios em 2050.

Para atender esse desenvolvimento do País, o governo já tem programadas rodadas de licitação para várias concessões ainda neste segundo semestre de 2020 e ao longo de todo o ano de 2021.

Além de energia, a área de mineração também deve permanecer atraente para investidores. O Brasil explora 80 tipos de commodities minerais conhecidas, com 9,4 mil minas ativas, em um segmento com intenso relacionamento com empresas canadenses.

Saneamento

Outro setor com grande relevância e muitas oportunidades para a iniciativa privada é o de gestão de recursos hídricos. Recentemente, a sanção da lei do novo Marco Legal do Saneamento Básico foi um passo importante, em uma atividade considerada altamente crítica no País. Cerca de 35 milhões de brasileiros ainda não têm acesso a água potável e 100 milhões não possuem acesso a rede de esgoto. Para a universalização do saneamento serão necessários R$ 700 bilhões até o ano de 2033.

Atualmente, o serviço é prestado em 94% das cidades brasileiras por empresas estatais, e apenas 6% dos municípios tem administração privada da atividade. Com a nova legislação, esse desequilíbrio deve ser minimizado por empresas como a canadense BRK Ambiental, que hoje já atua em 12 estados brasileiros, atendendo 15 milhões de pessoas.

Assim como a BRK, várias outras companhias canadenses podem enxergar um cenário de expansão de oportunidades no Brasil, tanto em áreas ligadas à infraestrutura quanto na indústria e no varejo. Exemplos de quem apostou no mercado brasileiro e vêm obtendo sucesso não faltam, como a gestora de ativos Brookfield, a companhia especializada em eficiência energética Armstrong e a fabricante de alimentos McCain Foods.

Além dos ministros, participaram dos debates sobre possibilidades de investimento e sustentabilidade no Brazilian Week Online CCBC Festival, a cônsul-geral do Canadá em São Paulo, Heather Cameron, a cônsul e senior trade commissioner Elise Racicot, o diretor da Brookfield Brasil e coordenador da Comissão de Infraestrutura da CCBC, Bayard Lucas de Lima, o sócio-diretor de Environmental, Social & Governance (ESG) da KPMG, Ricardo Zibas, o vice-presidente financeiro da McCain, Clovis Amorim, o country manager da Armstrong Brasil, Hilton Nascimento, o head de Sustentabilidade da BKR Ambiental, Carlos Almiro Magalhães, e a environmental specialist da Vale, Márcia Soares.

Para saber mais:

Assista o webinar Investment Opportunities in Brazil em
https://www.youtube.com/watch?v=WiMz-fF2o3I

Assista o webinar Sustainability and Investment Opportunities in Brazil em
https://www.youtube.com/watch?v=rrD4gAjn2c4

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